A frase de chamada em meu perfil no Orkut, de autoria de Oliver W. Holmes, foi colocada por mim em função de reflexões acerca da chacina ocorrida em Santo André, SP, "em nome do amor".
CHACINA sim, porque ali morreram três famílias inteiras, considerando-se que assim como existem várias formas de matar, também existem várias formas de morrer.
Existe a morte pela destruição de nossos sonhos, a morte trazida pelos traumas, a morte pela perda da fé, a morte pelo domínio da alma pela revolta, a morte pela incompreensão, a morte pela falta de discernimento para poder compreender, a morte pela ignorância, pela incapacidade de amar, pelo desejo de vingança, e por aí afora.
Assim sendo, é certo que no mínimo três famílias inteiras foram mortas na semana que passou, inclusive a do sequestrador, que, em minha singela opinião, foi a primeira vítima, por ocasião, e, em consequência, do assassinato de sua sanidade...
Isso minimiza ou justifica seus atos?
Claro que não!
Mas, talvez explique parcialmente...
É claro que ele não fez aquilo tudo por amor, nem por ódio, mas creio que movido por um desespero que culminou em loucura.
Por causa ou culpa da jovem Eloá?
Claro que não outra vez!
Será que é tão difícil perceber que as pressões sociais externas, estão gerando pressões internas que estão conduzindo as pessoas à loucura? Pois, se assim não for, pode-se afirmar que quem quer que seja que tenha permitido, ou simplesmente não tenha impedido, a amiga da refém a voltar para o cativeiro, também é um assassino, ou assassina... Mas não, não o é...
É, em primeiro lugar a ausência da crença em Deus; e, quando, a crença nesse Deus de amor, nesse Pai Maior existe, fica geralmente relegada a segundo plano, quando não ao quase total esquecimento... Temor à Ele então virou piada...
Depois vem a pressão, o desespero, a vida em uma sociedade onde o "ter" sobrepuja o "ser"...
...e domínio sobre pessoas e situações também é uma forma de "ter"!
"Ora, se não posso ter o carro do ano, uma bela casa e outros bens que a mídia apregoa como símbolos de status e poder, vou "ter" a pessoa que amo!"
Mas então descobre-se que é impossível "ter" alguém, o máximo (e que já é muito) que podemos alcançar, é o respeito e o amor de uma pessoa, e, através da conquista, que exige paciência, tolerância, flexibilidade e disciplina... que mesmo assim não oferecem garantias...
"Já que os órgãos públicos não me dão atenção, mas me fazem pagar impostos cujos destinos são tão misteriosos quanto quanto os contos de Edgar Alan Poe, vou fazê-los "pagar pau" para mim, e ficar a minha disposição: polícia e ambulâncias, ou seja, segurança pública e saúde..."
Várias,
24 horas por dia...
Só que, na terra, nada é eterno, tudo tem que ter um termo, mesmo que seja por exaustão!
E quando a sanidade não está mais entre os protagonistas, a história só termina com a morte de alguém ou de diversas pessoas... ...e essas mortes trazem muitos outros tipos de morte, os que citei no princípio.
Mas me parece que a morte de Eloá vai trazer vida à oito pessoas que ela nem conhecia, pois ouvi a notícia de que sua família teria autorizado a doação de seus órgãos. Vai ser uma forma de mante-la viva também!
E foi assim, dentro dessa minha louca elucubração, que me questionei, se, aceitando o sistema tal qual ele é, inclusive sem colaborar com o esclarecimento de que psiquiatra não é médico de louco, que psicanálise é saudável, e ainda sem exigir dos órgãos públicos que propicie à saúde pública, condições de oferecer esse tipo de atendimento, mas PRONTO atendimento, e não uma consulta para daqui um ano;
se, exercitando poder sobre os mais fracos, sendo exibicionistas, e também sem falar em Deus ou ter um tempo dedicado para ouvir as pessoas,
ou seja,
essa omissão, esse egoísmo, que existe dentro do ser humano,
não colaboramos todos nós para a chacina dessas três famílias,
e se não estamos fomentando ainda outras que estão por vir.
Gostaria muito que nossos mandarários também pensassem nisso...
Foi então que me lembrei dessa citação de Oliver W. Holmes:
"O que existe atrás de nós e o que existe à nossa frente são problemas menores, se comparados com o que existe dentro de nós"
Abreijões da
Kika Krepski®.